segunda-feira, abril 12, 2010

Lei que incluiu filosofia e sociologia na grade curricular do ensino médio abre vagas para professores

RIO - A lei que torna obrigatória a inclusão de sociologia e filosofia em todas as séries do ensino médio, publicada em junho de 2008 pelo Ministério da Educação (MEC), abriu um amplo mercado para professores das duas disciplinas. Reportagem de Mariana Belmont, publicada na edição deste domingo do Globo, mostra que, somente na rede pública estadual do Rio, que atende hoje a cerca de 700 mil alunos no ensino médio, há no momento um déficit de 1.084 docentes de filosofia e 1.115 de sociologia.

Para minimizar o problema, a Secretaria estadual de Educação realizou recentemente concurso público, no qual 631 candidatos foram aprovados. Segundo a secretária Tereza Porto, no entanto, nem todos atendem à convocação e, por isso, é provável que em breve um novo concurso seja realizado. Para a secretária, o problema se deve à falta de profissionais disponíveis no mercado e não ocorre apenas no Estado do Rio, mas em todo o país.

- O volume de profissionais é inferior à demanda. E nas universidades do Rio há cursos tanto de filosofia quanto de sociologia... imagina a situação em estados que não tenham - opina, afirmando que o número de professores da rede era necessário apenas para as disciplinas exigidas anteriormente. - Quando passamos a cumprir a nova legislação, tivemos essa carência grande.

A secretária de Educação entende que o valor do salário de R$ 732,10 por uma jornada de 16 horas semanais, pago a professores de todas as disciplinas do ensino médio, é compatível com a carga horária exigida. Mas, pelos valores do Sindicato das Escolas Particulares no Estado do Rio de Janeiro (Sinepe-RJ), o salário se assemelha apenas ao piso pago aos docentes do ensino médio da rede particular, que é de R$ 11,82 a hora-aula: para uma carga horária de 16 horas semanais, o salário ficaria em R$ 756,48/mês. Numa escola particular com unidades no Recreio e na Tijuca, entretanto, o valor da hora-aula pago aos docentes é de R$ 45,78. Em escolas privadas da Barra da Tijuca, de maneira geral, o valor varia entre R$ 20,46 e R$ 47, dependendo do tempo de serviço do professor.

Coordenador de Filosofia da Secretaria municipal de Educação de Búzios até o ano passado e professor do colégio Anglo Americano, na Barra da Tijuca, o mestre em filosofia da educação Sílvio Souza afirma que não encontrou professores da disciplina para atender à demanda na rede do município da Região dos Lagos. Segundo Souza, o problema vem do pequeno número de profissionais das duas disciplinas que se formam por ano nas universidades:

- Fiz os cursos da UERJ e da UFRJ. Numa turma só se formaram quatro pessoas, e na outra, três. Quando o jovem percebe que vai ter que estudar muito, ele abandona o curso.

Fonte: http://oglobo.globo.com

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