terça-feira, agosto 23, 2011

Meio ambiente, consumo e desigualdades sociais

Atenção Turma M3TR01 da Escola Vilhena Alves!


Caros alunos, assistam ao filme Ilha das Flores: 

http://www.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28&feature=player_embedded

Em seguida leiam o texto:

“Sociedade de consumo é toda aquela que baseia sua economia na produção e consumo crescentes de produtos e serviços. Em toda a história humana, é no sistema capitalismo que a sociedade de consumo atingiu seu ponto mais alto. Como quase toda intervenção antrópica na natureza, isso tem um lado bom, e outro ruim! Se o consumo é colocado como condição determinante para a acumulação de capital, torna-se parte fundamental do processo de expansão do capitalismo. Obviamente, as demandas da economia mundial contemporânea são crescentes, e também mais intensos tornam-se os processos de extração de matérias-primas, de seu processamento, de transporte e comercialização dos bens de consumo, de descarte daquilo que não se quer mais e do uso acentuado do que não é necessário. Florestas são desmatadas nos países tropicais para suprir demandas do mercado internacional de madeira, papel e celulose. Solos são exaustivamente explorados para produzir e exportar alimentos em países onde a população passa fome. É a miséria de uns que sustenta o conforto de outros. Na sociedade atual, o consumismo está, para alguns, como padrão de vida, para outros, como sonho a ser alcançado. Para a maioria, como algo inatingível.”

Autor: Professor Leandro Faber Lopes
no Portal do Professor/MEC.

Bem, meus alunos, agora ouçam os versos do poema Eu, etiqueta, de Carlos Drummond de Andrade na voz de Paulo Autran ou simplesmente leiam:

Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome que não é o meu de batismo ou cartório, um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. 
Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produto que nunca experimentei, mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de longa idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia tão diverso de outros, tão mim-mesmo ser pensante, sentinte e solitário com outros seres diversos e conscientes de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago para anunciar, para venderem bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam, e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrina me tiraram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados.
Para me ostentar assim, tão orgulhoso e ser não eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.


Então, já refletiram? Vamos à discussão e na próxima aula continuaremos. 

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