Coincidentemente com a temática da notícia no Portal da Seduc, estou finalizando trabalhos de conclusão dos Cursos PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA A DIVERSIDADE e GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM GÊNERO E RAÇA, dos quais participei por um período de aproximadamente dez meses na modalidade semi-presencial, através da Universidade Federal do Pará, com o objetivo de participar da implementação da Lei 10.639/03 nas Escolas nas quais ministro aulas de Sociologia e de Estudos Amazônicos. Creio que em todo o sistema educacional do Estado pouco ou nada há de concreto nessa direção.
Ao ler a notícia sobre o I Seminário de Racismo Institucional, realizado hoje em Belém, interroguei-me: como eu não soube disso se todos os dias acesso o Portal da Seduc? Será que enviaram os convites para as Escolas e não tomei conhecimento... mas ainda hoje estive em uma delas... O Seminário não seria indicado também aos professores que estão na sala-de-aula em disciplinas tais como Sociologia, História, Literatura, Língua Portuguesa, Arte, entre outras? Ou os convidados tornar-se-ão os multiplicadores?
Destaco a fala do professor que ministrou a palestra: “Temos que começar pelo professor porque é ele quem educa seus alunos. Se ele for trabalhado inicialmente, reproduzirá atitudes positivas”.
Eis a notícia na íntegra:
No mês em que se celebra a Consciência Negra e no ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou como o Ano Internacional dos Afrodescendentes, a Coordenação para a Promoção da Igualdade Racial (Copir) da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) promoveu o I Seminário de Racismo Institucional: ações afirmativas e direitos humanos na perspectiva da educação.
Dezenas de professores e técnicos em educação participaram da palestra ministrada pelo Prof. Dr. Ivair Augusto Alves dos Santos, da Universidade de Brasília (UNB), que em uma conversa descontraída, abordou a temática sobre vários prismas.
O racismo institucional, também chamado de sistêmico ou estrutural, resulta de mecanismos discriminatórios que se reproduzem na sociedade transcendendo a esfera da ação individual. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) o racismo institucional não se expressa por atos manifestos, explícitos ou declarados de discriminação, orientados por motivos raciais, mas, ao contrário, atua de forma difusa no funcionamento cotidiano de instituições e organizações, que operam de forma diferenciada na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades aos diferentes grupos raciais.
Segundo o professor, o racismo é um problema histórico e que tem consequências devastadoras que refletem na vida de quem o sofre, por isso, deve ser “trabalhado” para ser evitado em qualquer ambiente social. “Citamos como exemplo a criança negra que é discriminada desde cedo na escola e se envergonha de ser como é e não tem forças para enfrentar a discriminação e lutar contra ela. Assim, acaba abandonando os estudos, interrompendo sua vida escolar. É triste, mas pesquisas apontam que crianças negras quase não chegam ao Ensino Médio e principalmente ao nível superior”, ressaltou .
Ele explica que para que este quadro seja modificado, é necessário investimento em capacitação para os professores, incluindo o fornecimento de material didático-pedagógico que esclareça a amplitude das consequências deste tipo de violência. “Temos que começar pelo professor porque é ele quem educa seus alunos. Se ele for trabalhado inicialmente, reproduzirá atitudes positivas”.
Ivair cita ainda, a importância de pessoas negras em âmbitos importantes da sociedade. “ É preciso que levem os professores negros, escritores negros, advogados negros, médicos negros e cientistas negros para dar palestras, seminários, oficinas, etc, para que sociedade possa ver que cor de pele não significa incapacidade”.
Segundo o coordenador da Copir, Amilton Sá Barretto, a coordenação ainda enfrenta problemas com relação ao racismo e por isso, a importância do tema ser amplamente discutido. “ Já tivemos que resolver casos de mães que não queriam que seus filhos tivessem aulas com professores negros”, destacou.
Para a professora Joana Machado, da Assessoria da Diversidade Etnico-Racial da Universidade Federal do Pará (Ufpa), o problema do racismo enfrentado até hoje se dá “em virtude, de no Brasil, o negro ser historicamente ruim, com sua história relacionada a escravidão”. “As pessoas não nascem racistas, aprendem a ser”.
De acordo com a professora, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o estado do Pará possui 72,4% de pessoas declaradas pretas e pardas e que o Brasil é o 2º país em número de população negra, perdendo somente para a Nigéria. “Como ser um país tão racista com estas estatísticas?”.
Texto: Fabianna Batista
Ascom/Seduc
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