PR: Estudo mostra que professores do futuro são maus alunos de hoje
Do clipping da Andi
Levantamento feito a partir de dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e publicado no boletim “Na Medida”, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que atrair os alunos de melhor desempenho para a carreira docente ainda é uma meta distante da realidade brasileira. O estudo mostrou, também, que o perfil dos participantes do Enem de 2007 que declararam a intenção de escolher o magistério como profissão é de: mulher, aluna sempre de escola pública, que tirou nota abaixo de 20 (numa escala de zero a 100) no Exame, com renda familiar de até dois salários mínimos e cuja mãe nunca estudou.
Dos jovens que fizeram a prova do Enem em 2007, apenas 5,2% optaram pela profissão de professor do ensino fundamental ou médio. Como 25% dos candidatos não haviam escolhido a profissão que pretendiam seguir, estima-se que a probabilidade de cada participante do exame escolher o magistério como profissão é de 6,69% 7,21% entre as mulheres e 5,60% entre os homens. Entre os alunos de escola pública, a probabilidade de lecionar na educação básica é de 7,27%, contra 4,57% dos alunos que estudaram parcialmente ou sempre em escola privada. Um candidato com renda familiar de até dois salários mínimos tem 7,88% de chance de escolher o magistério, mais que o triplo de um aluno na faixa acima de 30 mínimos (2,56%).
De acordo com a escolaridade da mãe, entre os filhos de mulheres que nunca estudaram, a probabilidade de ser professor é de 9,54%, contra 5,07% dos filhos de mulheres com curso superior. Com base nesses dados, o Inep conclui que é pouco provável que o país esteja selecionando os professores entre os melhores alunos. O resultado contrasta com os indicadores dos países desenvolvidos, onde a carreira de professor atrai profissionais com alto nível de formação, conforme demonstra relatório da consultoria McKinsey & Company, também com dados de 2007. Nos dez países com melhores notas no Programme for International Student Assessment (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Canadá, Austrália, Bélgica, Finlândia, Hong Kong, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Cingapura e Coreia do Sul, os professores são selecionados entre os 30% melhores graduados. Na Finlândia, esse porcentual se estreita para 10%, enquanto na Coreia do Sul são selecionados os 5% melhores.
Na avaliação da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho, o desinteresse dos jovens com melhor formação pelo magistério não surpreende, em razão dos baixos salários e da falta de perspectivas na carreira. “Para nós, essa realidade vem se aprofundando”, atesta. Marlei cobra das três esferas de governo uma política incisiva para reverter esse quadro, com recomposição salarial e programas específicos de escolarização dos docentes. “É um desafio gigantesco, pois o país tem um déficit de 200 mil professores”, ressalta.
A gazeta do Povo (PR) – 25/09/2009
in http://www.promenino.org.br/
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