quinta-feira, novembro 19, 2009

Sobre o PSS - 2010 - UFPA

Entrevista com a diretora do CEPS:

No próximo dia 22, mais de 50 mil estudantes de Belém e do interior do Estado iniciam a disputa por 6.152 mil vagas no PSS 2010 da Universidade Federal do Pará. No último ano do modelo de entrada seriado, o Edital trouxe algumas novidades, entre elas estão: 790 vagas a mais que no PSS 2009; 26 novos cursos distribuídos por todos os campi da Universidade; a criação de duas vagas especiais, em cada curso, destinadas a candidatos indígenas.

Em entrevista ao Jornal Beira do Rio, Marilucia Oliveira, diretora do Centro de Processos Seletivos (CEPS), fala dos novos critérios adotados para concessão de isenção, da polêmica criada em torno da cota para indígenas, além de adiantar algumas informações sobre como será o novo modelo de processo seletivo em 2011. Para a diretora do CEPS, no ano que vem, o grande desafio será mudar a natureza das provas, que deverão avaliar as habilidades e as competências do candidato.

Beira do Rio – Qual o balanço de candidatos inscritos (capital e interior)?

Marilucia Oliveira – Este ano, teremos 50.232 mil candidatos concorrendo a 6.152 vagas, em 144 cursos de graduação. 25% dos candidatos estarão concorrendo às vagas no interior e 74% às vagas em Belém.

Beira do Rio – Quantas pessoas conseguiram a isenção? Foi possível ampliar o número de candidatos atendidos em comparação aos anos anteriores?

M. O. – Mais de sete mil candidatos foram beneficiados. E comparado aos anos anteriores, o número foi mais baixo. Mas isso ocorre porque, até o ano passado, as isenções eram dadas por sorteio. Com o Decreto 6.593/2008, do governo federal, foram criados critérios para concessão de isenções em qualquer concurso público federal e esses critérios foram adotados pelo CEPS da UFPA. O candidato deveria ter renda per capita de meio salário mínimo, ou renda familiar de até três salários mínimos, ou estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico). Por determinação do Ministério Público, deveriam ser isentos todos os candidatos que comprovassem hipossuficência econômica. E ao analisar a documentação, verificamos que sete mil candidatos tinham o direito. Olhando apenas quantitativamente, pode-se pensar que regredimos mas, na verdade, houve um avanço, pois qualificamos o processo que concede a isenção. Diferentemente do sorteio, neste novo modelo, você concede isenção a quem precisa de fato.

Beira do Rio – O PSS 2010 será o último ano do modelo de entrada seriado, aplicado pela UFPA desde 2004. Há alguma diferença para os candidatos?

M. O. – A diferença é que, este ano, só puderam se inscrever quem está concluindo ou quem concluiu o ensino médio, pois, a partir do ano que vem, nós não iremos aproveitar nenhuma fase.

Beira do Rio – Essa fase de transição implica alguma mudança no sistema de correção?

M. O. – Não, o modelo de correção será o mesmo dos anos anteriores. O que, talvez, nós tenhamos que fazer é uma avaliação dos resultados deste PSS, até para nos nortear em 2011. Deve haver uma discussão com os professores envolvidos na elaboração e correção para verificar o que pode ser aproveitado deste vestibular para o próximo e o que precisa ser alterado.

Beira do Rio – Outra novidade do PSS 2010 é a criação de duas vagas especiais em cada curso, destinadas, especificamente, para candidatos indígenas. Esse sistema de cotas tem encontrado muita resistência?

M. O. – Sempre que discutimos essas ações afirmativas, os pontos de vista são diferenciados – de um lado, estão os que acham que as ações trazem uma contribuição social por universalizar o ensino, por dar oportunidade aos grupos que, historicamente, foram colocados à margem, do outro lado, estão os que acham que a Universidade está dando um tratamento diferenciado e que não deveria ser assim. É uma política que estamos implantando agora e que, se for bem discutida, pode trazer bons resultados. O sistema de cotas não é um modismo. A demanda mostra como essa iniciativa é importante.

Beira do Rio – A primeira fase será dia 22 de novembro, a segunda prova será realizada no dia 13 de dezembro e a última fase acontecerá dia 10 de janeiro de 2010. Qual a previsão para a divulgação dos resultados?

M. O. – A previsão é, em média, dez dias para o resultado da 1ª fase. O prazo para os resultados da 2ª e 3ª fases depende muito do número de candidatos que passarem para cada uma delas. Mas, nós vamos trabalhar com os prazos de divulgação que vêm sendo praticados nos anos anteriores. E, com certeza, em janeiro, nós teremos a divulgação do resultado final.

Beira do Rio – Quais são as principais mudanças para 2011?

M. O. – O processo seletivo será composto por uma única fase, com questões de múltipla escolha e a redação. Nós ainda estamos discutindo como isso será efetivado. Talvez, uma das dificuldades que iremos enfrentar diga respeito à natureza das provas, que deverão avaliar as habilidades e as competências, ou seja, terão uma natureza diferenciada. Isso significa que nós precisaremos discutir a elaboração de uma prova realmente conjunta. Em 2011, também existe a possibilidade da Universidade usar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no seu processo seletivo, mas essa questão ainda será discutida pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). A proposta para o vestibular 2011 se aproxima bastante do novo Enem, o que é bom para os candidatos, que poderão se preparar para responder às duas provas.

Beira do Rio – Essa proposta também está próxima do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), aplicado ao final do curso, e que apresenta uma prova contextualizada e interdisciplinar, cujos conteúdos são cobrados a partir de estudos de caso e questões-problema?

M. O. – Sim e esse é o modelo da vida real. Quando você se depara com determinadas situações, não diz: "agora vou usar meu conhecimento de Língua Portuguesa, de Inglês ou de Física". Na verdade, você aciona e articula um conjunto de conhecimentos para tentar resolver aquele problema. Ao elaborar uma prova com essa interdisciplinaridade e articulação, nós estamos preparando o aluno para ser competente em resolver problemas do dia a dia. Hoje, o nosso PSS é reconhecido como um dos melhores do País, o que precisamos é aperfeiçoar esse modelo.

Beira do Rio – Então, um dos maiores desafios será elaborar uma prova que atenda ao novo modelo. Como vocês estão pensando em fazer isso?

M. O. – Isso vai demandar uma mudança de postura dos professores que precisarão discutir e articular mais esse conhecimento para elaborar questões com essa qualidade. Os professores do ensino médio também precisarão estar preparados para orientar os candidatos. Isso mostra, cada vez mais, a necessidade de articulação entre a universidade e a escola básica. Nesse sentido, a UFPA avança por meio dos investimentos que têm feito e dos projetos de extensão que têm em vista essa articulação.

Fonte: Jornal da UFPA
Os grifos são meus.

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